02/12/2024 às 23:30
A violência no campo fez menos vítimas no primeiro semestre deste ano em comparação com os registros do mesmo período do ano passado. Apesar disso, os conflitos continuam em níveis elevados no país e, em números totais, os dados mais recentes colocam o período como o segundo mais violento no campo na última década.
Dados parciais divulgados nesta segunda-feira pela Comissão Pastoral da Terra apontam 1.056 ocorrências, sendo 872 relacionadas a conflitos pela terra, 125 a conflitos pela água e 59 casos de trabalho semelhante à escravidão. Em 2023, foram 1.127 registros ao todo.
Ronilson Costa, coordenador geral da Pastoral da Terra, avalia o cenário de mudança a partir da melhora do diálogo e mediação por parte do governo federal, embora ainda haja muito a ser feito.
Os posseiros, que são famílias moradoras de comunidades tradicionais que ainda não têm a titulação da terra, foram as principais vítimas dos conflitos nos primeiros seis meses deste ano. Indígenas aparecem em segundo lugar, seguidos por quilombolas e sem-terra.
Ronilson Costa, da Pastoral da Terra, explica como o avanço das monoculturas e a pulverização aérea de agrotóxicos afetam as comunidades mais impactadas pelos conflitos no campo, ele conta que a pulverização afeta a saúde das pessoas e as plantas das propriedades.
De acordo com o relatório, a violência decorrente da contaminação por agrotóxicos teve um crescimento alarmante, superior a 850%, passando de 19 ocorrências, em 2023, para 182, em 2024. O estado do Maranhão concentra mais de 80% dos casos, com 156 registros.
Pelo segundo ano consecutivo, os fazendeiros aparecem como os maiores causadores da violência no campo, listados em 339 conflitos. Na sequência, aparecem empresários, governo federal, governos estaduais e grileiros.
Houve uma diminuição no número de vítimas de assassinatos, sendo seis no primeiro semestre, e onze confirmados até o final de novembro. Quase cinquenta por cento das mortes foram causadas por fazendeiros. Em 2023, 16 pessoas foram assassinadas em conflitos no campo. Do total de vítimas deste tipo de violência extrema, em 2024, 10 eram homens e uma mulher, a liderança indígena Nega Pataxó.
O representante da Pastoral da Terra destaca ainda as constantes ameaças sofridas por lideranças comunitárias por questões ligadas ao direito à terra.
Nós procuramos o governo do Maranhão para um posicionamento sobre pulverização aérea de veneno em territórios ocupados, mas não obtivemos retorno até o fechamento desta edição. De acordo com o Ministério Público do Estado, no Maranhão, foram identificadas 211 comunidades tradicionais e assentamentos rurais, em 33 cidades, prejudicados pela pulverização de agrotóxicos. Os dados foram apresentados no fim de novembro deste ano, durante a criação do Fórum Maranhense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos.
Direitos Humanos Apesar da queda, os conflitos continuam em níveis elevados no país Brasília 02/12/2024 - 22:29 Roberto Piza / Beatriz Arcoverde Daniella Longuinho - Repórter da Rádio Nacional Violência no campo Pastoral da Terra Comissão Pastoral da Terra segunda-feira, 2 Dezembro, 2024 - 22:29 5:23Continuar lendo ...Para ler no celular, basta apontar a câmera