22/01/2025 às 11:29
"No início, quando eu tive que ir para o serviço de acolhimento, foi um momento bem assustador, né? Porque na época eu era bem pequeno, eu e meu irmão, e foi muito de repente que tudo aconteceu."
Este é Ronald Vinicios Cândida, de 22 anos, estudante de Engenharia de Software. Com 11 anos de idade, ele passou a viver em uma instituição de acolhimento, em Brasília, por medida protetiva da Justiça. Ronald conta que os primeiros dias foram muito difíceis, por estar longe de tudo o que conhecia e da sua mãe. Mas, com o tempo, fez amizades e construiu vínculos com pessoas como o Luiz Augusto de Oliveira, seu padrinho afetivo.
"Tem muitas pessoas lá dentro que eu levei para a vida, né? Também foi onde eu conheci o meu padrinho, e eu sou muito grato por isso. A convivência com meus padrinhos. No início foi bem difícil para mim porque eu era uma criança muito tímida. Mas os meus padrinhos foram super compreensivos comigo, super respeitaram o meu espaço. E eles também foram super essenciais para o meu desenvolvimento. Até mesmo como pessoa."
Luiz é carioca, militar da reserva e mora em Brasília há 23 anos. Ele conheceu o Programa de Apadrinhamento Afetivo junto com a esposa, Patrícia, através do Grupo Aconchego. A instituição é responsável pela formação dos futuros padrinhos e madrinhas e por acompanhar o vínculo que passa a ser estabelecido com as crianças em acolhimento.
Para Luiz, ser um padrinho afetivo é um gesto de doação e cuidado, que tem como foco as necessidades do afilhado.
Há nove anos, Luiz se tornou uma referência para Ronald e passou a acompanhar os estudos e a evolução do jovem, que hoje mora sozinho e trabalha no serviço especializado em abordagem social, ajudando pessoas em situação de rua.
Luiz recorda de uma ocasião em que precisou auxiliar Ronald numa tarefa escolar que parecia simples, mas que evidenciou o elo de confiança que estava firmado. O tema era as varinhas mágicas de Harry Poter, romance de fantasia britânico que ganhou as telonas e virou uma febre entre as crianças.
"Aí trabalhamos, modelamos as varinhas, fizemos todas as varinhas. Quando ele levou para a escola, foi o maior sucesso! Depois, ele chegou para mim e disse: 'Foi excelente.' Acho que foi aí que ele pensou: 'Eu acho que posso confiar nessa família. Essa família vai me ajudar.' E aí criamos um vínculo bacana."
Maria da Penha de Oliveira, psicóloga do Grupo Aconchego, explica que o apadrinhamento afetivo é uma construção de amizade, onde um dos critérios principais é que os padrinhos e madrinhas não estejam inscritos no Cadastro Nacional de Adoção: "Pode ser solteiro, casado, casais homoafetivos, não há nenhum problema. A gente só pede que apresentem atestados de bons antecedentes e que não estejam no Cadastro Nacional de Adoção. Isso é para evitar que alguém use o apadrinhamento como uma espécie de 'teste drive' para adoção."
Anualmente, o Aconchego forma novas turmas de padrinhos e madrinhas. Para 2025, a expectativa é que a capacitação comece em fevereiro. Mais informações estão disponíveis no site aconchegodf.org.br.
*Com produção de Salete Sobreira e sonoplastia de Jailton Sodré
Direitos Humanos Capacitação de padrinhos afetivos deve começar em fevereiro Brasília 22/01/2025 - 11:29 Roberto Piza / Patrícia Serrão Daniella Longuinho - Repórter da Rádio Nacional Apadrinhamento aconchego abrigo crianças Adolescentes Estatuto da Criança e do Adolescente quarta-feira, 22 Janeiro, 2025 - 11:29 4:18Continuar lendo ...Para ler no celular, basta apontar a câmera