21/02/2025 às 16:44
Durante a presidência do Brics, este ano, o Brasil vai dar ênfase à saúde. Com isso, o governo brasileiro quer buscar uma parceria global pela redução de doenças mais comuns em países em desenvolvimento ou em áreas tropicais. É o que informou o Secretário de Assuntos Econômicos do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Maurício Lyrio, representante do Brasil no Brics, o chamado sherpa.
"O Brasil quer lançar uma parceria global para erradicação, pelo menos redução de incidência de doenças socialmente determinadas e doenças tropicais negligenciadas. São as doenças justamente que incidem mais sobre os países em desenvolvimento. Não são, eu diria, as prioridades mais altas necessariamente da indústria farmacêutica internacional ou dos centros de pesquisa, porque aí é natural uma certa concentração de pesquisas e recursos em doenças que incidem mais em países ricos. Por definição, doenças tropicais não são a preocupação maior dos países ricos, porque quase todos são em áreas temperadas".
Nesta sexta-feira (21), no Palácio do Itamaraty, o embaixador Maurício Lyrio detalhou quais assuntos o Brasil quer priorizar nos debates ao longo do ano, com os demais membros do Brics, até a cúpula dos líderes de estado, em julho.
Além da aliança pela saúde, o Brasil vai debater com os demais países do bloco, o financiamento de países ricos na transição energética e no combate às mudanças climáticas, como explicou o embaixador.
"Você tem que ter uma compensação. Os países ricos que emitiram mais carbono têm que pagar a conta no sentido de destinar recursos à transição energética desses países, que agora tem que fazer a transição, pagando, obviamente, por energia mais cara, já que não tem, vamos dizer assim, o total desembaraço para o uso de energias que, obviamente, emitem muito carbono. Até 2023, em nenhum ano, houve a observância desse compromisso de U$ 100 bilhões. São devidos U$ 600 bilhões. Uma parcela grande não foi paga."
Entre as prioridades, ainda estão a redução de custo das operações comerciais entre os membros - incluindo o uso de moedas locais para operações financeiras -; regras e formas de lidar com a inteligência artificial – a chamada governança das inteligências artificiais -; e o desenvolvimento institucional do bloco econômico.
De acordo com o embaixador Maurício Lyrio, a primeira reunião de sherpas dos membros do Brics vai ser na próxima semana: terça e quarta-feira; com um total de sete sessões de debates.
A Cúpula dos chefes de Estado do BRICS já tem data marcada: 6 e 7 de julho deste ano, no Rio de Janeiro. Fazem parte do bloco: África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã e Rússia
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