04/03/2025 às 08:15
“Marvada Pinga”. Esse sucesso gravado em 1953 num compacto simples, cujo lado B contava com o clássico do samba-canção Ronda, de autoria de Paulo Vanzolini, foi um dos marcos na carreira da multiartista Inezita Barroso.
Neste dia 4 de março, é celebrado o centenário de Inezita, que, além de cantora, se destacou como atriz, escritora, apresentadora e pesquisadora do cancioneiro brasileiro. Nascida Ignez Magdalena Aranha de Lima, em São Paulo, em 1925, foi somente na década de 50 que ela somou seu apelido de infância ao sobrenome do marido, Adolfo Cabral Barroso, para criar seu nome artístico.
Inezita teve muito de sua trajetória artística marcada pela divulgação da cultura popular brasileira. Desde a infância, demonstrou grande interesse pela música, aprendendo a tocar violão aos sete anos. Em entrevistas, ela sempre relembrava que sua maior inspiração veio dos violeiros anônimos que encontrou durante as visitas às fazendas de seus parentes no interior paulista, onde desenvolveu uma profunda conexão com a música caipira; mas que em paralelo precisou lutar desde cedo contra o preconceito de ser mulher neste segmento.
"Eu tocava dos Caipiras quando ia lá, né? Tocava um pouquinho na colônia, meio escondido, porque era feio mulher tocar viola. Eles mesmo faziam o corpo mole, né? Ah, não, viola não é para mulher tocar. Daí dizia: 'Tá bom, então não toco mais violão para vocês'. Então, me apaixonei pela viola loucamente, talvez mais do que pelo violão, porque não podia tocar. Você sabe, o que o proibido é muito querido".
Além do amor pela música caipira, foi a faculdade de Biblioteconomia cursada por Inezita que a fez despertar para a pesquisa do folclore brasileiro. Ela mergulhou nos estudos e interpretou músicas coletadas por Mário de Andrade na Rádio Clube de Recife. Posteriormente entrou na Rádio Bandeirantes e depois na Record.
Durante os anos 1960, consolidou-se como um dos maiores nomes da música caipira. Suas interpretações eram marcadas pela valorização das raízes musicais, respeitando a oralidade e os traços culturais do cancioneiro popular brasileiro.
Nos anos 70 também passou a apresentar programas de televisão e rádio, onde difundia a cultura sertaneja e folclórica. O programa de maior reconhecimento foi Viola, Minha Viola, da TV Cultura de São Paulo, onde foi apresentadora por 35 anos, de 1980 até sua morte, em março de 2015, quatro dias após completar 90 anos.
*Com produção de Dayana Vitor,
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