10/03/2025 às 16:57
Mais de 21 milhões de brasileiras com 16 anos ou mais relataram ter sofrido algum tipo de violência nos últimos 12 meses. É o que aponta a pesquisa “Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O número corresponde a 37,5% das mulheres ouvidas, a maior prevalência já verificada na série histórica e 8,6 pontos percentuais acima do resultado da última pesquisa.
Outro dado alarmante do estudo refere-se aos casos de abuso sexual. Uma em cada dez mulheres relatou ter sofrido abuso ou ter sido forçada a manter relação sexual contra a própria vontade, no período analisado.
Os dados do levantamento serão encaminhados à 69ª sessão da Comissão sobre a Condição da Mulher, que ocorre na sede das Nações Unidas, em Nova York, de 10 a 21 de março. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública vai fazer parte da delegação oficial brasileira.
Thaís Carvalho, pesquisadora do Fórum, cita os principais objetivos do estudo:
“O primeiro é na esperança de que informem a estrutura cívico-brasileira, para que ela possa demandar do Estado resultados melhores e um país mais seguro, também, para meninas e mulheres. Outro ponto é na esperança de que esses números, esses dados, funcionem como uma bússola para que o Estado desenvolva políticas eficientes”.
Ainda de acordo com a pesquisa, cônjuges, companheiros ou namorados foram responsáveis por 40% dos casos de violência. Também foram relatados espancamento, ofensas verbais, agressão física, ameaças de agressão, perseguição, lesão, ameaça com faca ou arma de fogo e divulgação de fotos ou vídeos íntimos.
Em relação ao perfil das vítimas, a maioria delas eram negras e tinham entre 25 e 44 anos. A pesquisadora chama atenção para o recorte racial:
“Quando a gente olha para o contexto brasileiro, as mulheres negras costumam ocupar posições de maior vulnerabilidade em comparação com as mulheres brancas, por exemplo, especialmente a fatores como menores níveis de escolaridade e condições socioeconômicas mais precárias. Além disso, nós temos as dinâmicas atreladas ao racismo”.
O levantamento foi encomendado ao Instituto Datafolha e ouviu 2007 pessoas com mais de 16 anos.
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