12/03/2025 às 16:33
Em 2001, durante depoimento à CPI sobre violência no campo, Almir Muniz da Silva indicou um policial civil como o principal responsável pela violência contra trabalhadores rurais na região de Itabaiana. Esse policial, que também era administrador da Fazenda Tanques, já havia ameaçado Muniz e outros trabalhadores.
A Corte Interamericana concluiu que o desaparecimento ocorreu em contexto de violência envolvendo milícias e grupos armados.
De acordo com a decisão dessa terça-feira (11), as investigações policiais foram marcadas pela falta de buscas e de recursos. Anos depois, o relatório final indicou a "probabilidade de evento criminoso", mas apontou que não haveria provas para confirmar as acusações contra o policial.
Agora, além da responsabilização do Brasil, a Corte Interamericana de Direitos Humanos ressaltou a falta de tipificação contra o crime de "desaparecimento forçado", e reconheceu as graves violações sofridas pelos familiares da vítima, especialmente a esposa e os filhos.
Em razão disso, o tribunal ordenou que sejam feitas medidas de reparação, além da retomada das investigações sobre o desaparecimento do camponês, o reconhecimento público da responsabilidade, a adequação da legislação e a criação de protocolos de busca de pessoas desaparecidas.
Em fevereiro do ano passado, durante esse mesmo julgamento, representantes da Advocacia-Geral da União já haviam reconhecido que houve falha na apuração do crime.
* Com produção de Dayana Vitor.
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