15/03/2025 às 17:18
Em comemoração aos 40 anos da volta da democracia no Brasil, o ex-presidente José Sarney relatou os desafios na época para que a situação no país ficasse tranquila após 21 anos de ditadura militar:
“Conseguimos que o país não tivesse um dia de prontidão militar e pudesse atravessar aquele período todo em absoluta tranquilidade. O general Leônidas Pires Gonçalves teve a instrução de colocar as Forças Armadas de volta aos quartéis. A transição democrática não foi apenas um ato político, mas uma conquista do povo brasileiro. Precisa também que levemos o lema: ‘O preço da liberdade é a eterna vigilância’”.
A declaração do primeiro presidente após o fim da ditadura no Brasil foi dada neste sábado (15), durante evento em Brasília que comemorou a data. Em 15 de março de 1985, José Sarney tomava posse como vice-presidente do país, enquanto o eleito, Tancredo Neves, estava hospitalizado.
Em vídeo transmitido durante a cerimônia na capital federal, a ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia celebrou a democracia, mas disse que os direitos das mulheres ainda não são respeitados, sobretudo o direito à vida:
“Nós mulheres somos maioria da população, maioria do eleitorado, com direitos assegurados no texto constitucional, mas extremamente desrespeitados no contexto social. Ainda há uma cultura permissiva de negativa de direitos, até direito à vida. Uma mulher é morta no Brasil a cada seis horas nestes últimos anos, o que significa que é uma sociedade muito complacente com todas as formas de violências contra a mulher”.
A ministra da suprema corte disse que, mesmo sendo maioria, as mulheres têm pouca representação na sociedade, inclusive nos espaços de poder e de tomada de decisões:
“Somos não apenas a maioria da população brasileira, mas a maioria do eleitorado brasileiro, mas temos uma sub-representação nos cargos eletivos, temos uma sub-participação nos cargos do Poder Judiciário, especialmente em tribunais, o que significa que ainda temos um longo caminho a percorrer na construção desta sociedade”.
Também neste sábado, o presidente Lula lembrou os 40 anos do fim da ditadura. Na rede social X, o mandatário disse que os avanços do Brasil não seriam possíveis sem a democracia. Lula defendeu que sejam mostrados “às novas gerações o que foi e o que seria viver novamente sob uma ditadura e ter todos os direitos negados, inclusive o direito à vida”.
Na mesma plataforma, o ministro do STF Gilmar Mendes lembrou a posse de Sarney como “um marco do renascimento da democracia diante do autoritarismo dos anos de chumbo”.
Na terça-feira, dia 18, o Senado vai realizar uma sessão especial em comemoração aos 40 anos da redemocratização. Outra sessão especial ocorre na Câmara dos Deputados, na quarta-feira (19).
Para ler no celular, basta apontar a câmera