19/04/2025 às 16:47
Coletivo de mulheres indígenas da Aldeia Vitória, no Conde, cria coleções autorais que ganham as passarelas. Moda indígena do Conde destaca ancestralidade na série 'Território de Negócios'Na Paraíba, o coletivo de mulheres indígenas “Niaras” transforma tradição em moda autoral, com roupas e acessórios artesanais que ganham as passarelas e conquistam novos territórios. Na Aldeia Vitória, no município do Conde, o grupo se destaca por criações marcadas por grafismos e elementos naturais, como sementes e penas.A iniciativa ganhou destaque na série Território de Negócios, exibida no JPB2, da TV Cabo Branco, como parte das reportagens especiais em alusão ao Dia dos Povos Indígenas, celebrado no sábado, 19 de abril.O coletivo já realizou três desfiles para apresentar suas coleções de roupas e acessórios. A Lei Paulo Gustavo foi um dos principais suportes financeiros para viabilizar as apresentações.Mulheres indígenas da Aldeia Vitória desfilam coleçam de peças autoraisReprodução/TV Cabo Branco“No desfile, a gente tem mulheres magras, altas, gordas, baixas. A gente vem trazer a nossa realidade enquanto mulher, e enquanto mulher indígena”, afirma Bruna Tabajara, umas das designers da coleção.O coletivo Niaras surgiu com o objetivo de capacitar mulheres indígenas, que inicialmente participaram de cursos sobre hortas orgânicas e sistemas agroflorestais. Com o tempo, o projeto cresceu e hoje reúne entre 40 e 50 mulheres, tanto da aldeia quanto de áreas urbanas.Antes de chegar às passarelasColetivo Niaras capacita mulheres indígenas na Aldeia Vitória, na ParaíbaReprodução/TV Cabo BrancoAs coleções de moda indígena nascem das mãos de Álvaro Tabajara, que desenha as peças de roupa em colaboração com as mulheres. “Desde pequeno, eu fui desenvolvendo o desenho. Eu desenhava árvores, plantas, animais. Desde criança, eu já tinha esse gosto”, conta Álvaro.Quando recebeu o convite para desenhar a coleção, ficou inseguro, mas aceitou o desafio. “Eu pensei que não iria conseguir. A gente foi desenvolvendo, e foi dando certo”, afirmou Álvaro. Peças de roupa são desenhadas por Álvaro Tabajara, na Aldeia VitóriaReprodução/ TV Cabo BrancoEm outra frente, a artesã Sônia Tabajara explica o desenvolvimento dos acessórios. São utilizadas sementes como açaí, olho-de-boi e lágrimas de Nossa Senhora. Quando o produto é finalizado e chega às passarelas, a artesã resume a sensação: “A emoção toma conta, e é muito gratificante”.O coletivo já enxerga a necessidade de expansão. Já existem planos para formar mulheres com habilidade em grafismo para cursos de design gráfico, qualificar novas costureiras e criar o Ateliê das Niaras."Eu sempre imaginei a gente criando roupas, fazendo coisas assim, como telas com nossas pinturas e grafismos, para que as pessoas comprassem e adquirissem uma identidade nossa", afirmou Vitória Tabajara. Acessórios são feitos com sementes utilizadas tradicionalmente pelo povo tabajaraReprodução/TV Cabo BrancoIdentidade que atravessa fronteirasUma das designers da coleção, Nathália Tabajara, enxerga potencial nas vendas online e explica que o público consumidor da marca, em grande parte, é de fora da Paraíba.A gestora do Programa do Artesanato da Paraíba, Marielza Rodriguez, também afirma que existe mercado para a pintura indígena, que valoriza a peça com a identidade local e impulsiona até mesmo o turismo. “A gente gera desenvolvimento local, integrado e sustentável, através da moda artesanal”, afirmou.Mulheres indígenas da Aldeia Vitória pintam grafismo em roupas autoraisReprodução/TV Cabo BrancoO analista do Sebrae-PB, Jucieux Palmeira, também explica que peças indígenas são valorizadas no mercado internacional e custam caro. "Um trabalho indígena do Brasil eu já vi fora com valores absurdos. Sai uma peça com um valor aqui e, no mercado, já com outro valor, e, sem exageros, 15 vezes mais caro. Ainda com valores da moeda local: ou dólar ou euro", explica. “A gente vê que tá ganhando espaço. A gente tá mostrando para as pessoas que o povo Tabajara tá aqui, que a gente não só tá nas coisas tradicionais, como dançar um toré, fazer um grafismo no corpo, mas também na área da moda. Porque a gente indígena pode ser tudo”, afirmou Vitória Tabajara.Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba
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