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Papa deixa exemplo de defesa ecológica e dos mais pobres, diz cardeal

Agência Brasil

21/04/2025 às 14:48

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O papa Francisco colocou o cuidado com o meio ambiente e com os mais pobres no centro do seu pontificado. A avaliação é do arcebispo de Brasília, cardeal Paulo Cezar Costa, que vai participar da escolha do novo papa. O pontífice faleceu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos.

“Deixa esse grande legado para o mundo, principalmente a questão ecológica, o próprio nome, quando escolheu Francisco [em referência a São Francisco de Assis, conhecido como protetor dos animais e da natureza] ele foi alguém que amou a ecologia, que percebeu que temos uma casa comum e, por isso, chamava todos de irmãos e de irmãs”, disse dom Paulo, em coletiva de imprensa, nesta segunda-feira, em Brasília.

Brasília (DF) 221/04/2025 o arcebispo de Brasília, Cardeal Dom Paulo César, acompanhado dos bispos auxiliares e do Cardeal emérito, Dom Raimundo damasceno, durante coletiva sobre a morte do Papa Francisco Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil Brasília (DF) 221/04/2025 o arcebispo de Brasília, Cardeal Dom Paulo César, acompanhado dos bispos auxiliares e do Cardeal emérito, Dom Raimundo damasceno, durante coletiva sobre a morte do Papa Francisco Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Coletiva arcebispo pela morte do Papa. Foto: Fabio Pozzebom/ Agência Brasil

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Segundo dom Paulo, quando o papa Francisco propõe a Laudato Si, ele alerta que a industrialização - a razão moderna - não conseguiu conciliar desenvolvimento com sustentabilidade. “É preciso buscar, então, a razão contemplativa. É preciso olhar a realidade e perceber que tudo é dom do amor misericordioso de Deus, que precisa ser conservado, precisa ser preservado”, afirmou.

A Laudato Si (em português, Louvado Seja) é o título da encíclica do papa Francisco sobre o cuidado com o meio ambiente, escrita em 2015, como uma reflexão sobre a crise ecológica e um apelo à ação para proteger o planeta. Uma encíclica é a forma mais elevada de escrita papal.

Para o arcebispo de Brasília, Francisco também deixa um legado de simplicidade, de uma igreja evangelizadora e missionária.

“Uma igreja que vai para as periferias humanas, para as periferias existenciais, é um legado de acolhida”, destacou, dizendo que o Papa era “profundamente antenado” com as questões atuais, como a migração e as guerras.

De acordo com dom Paulo, Francisco dizia que o Mar Mediterrâneo não poderia ser um “cemitério de pessoas”. No local, muitos barcos com refugiados naufragam tentando chegar à Europa.  Segundo o cardeal, o papa defendia que o diálogo é o caminho para a resolução das guerras em curso no mundo. “Um papa que percebia o horror da guerra, que o horror da guerra não é solução para nada, é só falência da humanidade”, disse.

Ao olhar para a própria Igreja, o religioso trabalhou pelo combate à pedofilia dentro da instituição, pedindo tolerância zero com os abusos. Em 2013, Francisco criou a Comissão de Proteção à Criança do Vaticano, a primeira do gênero. “Não tem que ter tolerância nenhuma”, reforçou o arcebispo de Brasília. “Um papa que deixa sua marca na vida e caminhada da igreja.”

Dom Paulo Cezar Costa foi feito cardeal pelo papa Francisco em 2022, e chegou a convidar o pontífice para vir a Brasília em julho deste ano, na celebração dos 65 anos da Arquidiocese da capital e na preparação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em novembro, em Belém, no Pará. “Se tivesse condições, tenho certeza de que ele viria”, disse.

“Parece que perdemos um pai”, afirmou dom Paulo, lembrando de sua proximidade com Francisco e do espírito brincalhão do pontífice, que assumiu a liderança da Igreja Católica em fevereiro 2013, após a renúncia do papa Bento XVI, que faleceu em janeiro de 2023.

Francisco, nome escolhido por ele para seu pontificado, nasceu Jorge Mario Bergoglio, em Buenos Aires, na Argentina, filho de imigrantes italianos. Foi o primeiro papa das Américas, que, para o cardeal, “serviu a igreja com alegria”.

“Um homem que, eu diria, foi um pai para o mundo, porque apontou para o mundo suas alegrias, mas também seus problemas”, disse Dom Paulo.

Brasília (DF) 221/04/2025 o arcebispo de Brasília, Cardeal Dom Paulo César, acompanhado dos bispos auxiliares e do Cardeal emérito, Dom Raimundo damasceno, durante coletiva sobre a morte do Papa Francisco Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil Brasília (DF) 221/04/2025 o arcebispo de Brasília, Cardeal Dom Paulo César, acompanhado dos bispos auxiliares e do Cardeal emérito, Dom Raimundo damasceno, durante coletiva sobre a morte do Papa Francisco Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Arcebispo de Brasília, Cardeal Dom Paulo César, acompanhado dos bispos auxiliares e do Cardeal emérito, Dom Raimundo Damasceno, durante coletiva sobre a morte do papa Francisco Foto: Fabio Pozzebom/ Agência Brasil

Conclave

De acordo com o arcebispo de Brasília, o funeral do papa Francisco deve ocorrer ao longo da semana, mas o sepultamento deve ser realizado apenas no próximo fim de semana. Dom Paulo planeja chegar ao Vaticano na sexta-feira (25), para os rituais e, na sequência, seguir para o conclave, evento de escolha do novo papa.

Após o funeral, o Vaticano passa por um período de luto de nove dias, para que, então, os cardeais da Igreja Católica iniciem a primeira parte do conclave, as reuniões preparatórias para a eleição. Nessas reuniões, todos os cardeais do mundo participam e discutem os problemas da igreja e do mundo atual. A partir dali, começa-se a delinear perfis que possam assumir o papel de bispo de Roma, de papa.

Para a segunda parte do conclave, a votação na Capela Sistina, participam apenas os cardeais com menos de 80 anos. Segundo dom Paulo, é normal que o novo papa seja um dos cardeais que estão na capela, mas nada impede que alguém que está fora seja eleito.

“É uma escolha que vai além do voto meramente humano, é também uma atitude de fé”, disse o arcebispo de Brasília, afastando qualquer clima de “complô político”. “O clima é outro, é a percepção que nós somos instrumentos na busca por perceber quem é o melhor para guiar a Igreja, os 1,4 bilhão de católicos no mundo inteiro.”

O arcebispo emérito de Aparecida (SP), dom Raymundo Damasceno Assis, também falou na coletiva em Brasília, ao lado de Dom Paulo Cezar Costa. O cardeal mineiro, inclusive, participou da escolha do Papa Francisco, em 2013, e, agora, diante da idade avançada (88 anos), estará apenas na primeira parte do conclave.

“[Francisco] deixa um grande legado para a igreja, para que o outro papa eleito dentre os cardeais possa continuar esta missão da igreja que é, fundamentalmente, o anúncio do evangelho no mundo de hoje, diante de todos os seus desafios”, disse dom Damasceno, afastando a possibilidade de ser eleito o novo papa.

“Difícil que cardeal emérito seja eleito papa. É necessário muito mais saúde, vitalidade e conhecimento de toda a Igreja”, destacou. “Isso, evidentemente está completamente descartado e nem eu desejo, nem espero. Rezo para que Deus inspire os cardeais que vão votar e possam escolher aquele que melhor possa servir a igreja e o mundo nos dias de hoje”, acrescentou.

O arcebispo emérito lembrou que 80% dos cardeais do colégio eleitoral foram criados pelo papa Francisco, que, ao longo do seu pontificado, voltou-se muito para as periferias do mundo. “É um colégio representado por cardeais de todas as periferias do mundo”, disse.

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