15/04/2025 às 09:15
Em meio ao avanço do movimento que pede anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tem intensificado sua articulação política e adotado um tom mais flexível em decisões recentes. Relator das ações ligadas à tentativa de golpe, Moraes tornou-se o principal alvo da oposição e, diante da crescente pressão, vem ampliando os canais de diálogo com o Congresso e outras autoridades dos Três Poderes.
Nas últimas semanas, Moraes promoveu encontros estratégicos com lideranças políticas. Em março, recebeu para um jantar em seu apartamento, em Brasília, os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), além do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB). O evento homenageou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), figura central nas negociações em torno de pautas sensíveis para o Judiciário.
O ministro também participou de eventos públicos que reforçam sua tentativa de aproximação com o Legislativo. No dia 1º de abril, apareceu de surpresa no Congresso Nacional para o lançamento de um livro organizado por Pacheco. Antes disso, em fevereiro, esteve em um jantar promovido pelo ex-presidente Michel Temer, ao lado do também ministro do STF Kássio Nunes Marques, indicado por Jair Bolsonaro.
Esses movimentos são lidos por parlamentares e membros da Corte como uma tentativa de Moraes de tentar fortalecer seu apoio institucional em um momento de tensão política. Apesar de sua postura firme nos julgamentos, que continuam ocorrendo de forma unânime na 1ª Turma do STF, algumas decisões recentes sinalizam uma possível flexibilização. Em março, Moraes revogou a prisão de Débora dos Santos, que havia sido condenada a 14 anos por depredar com batom a estátua da Justiça. A medida veio após questionamentos do ministro Luiz Fux sobre a proporcionalidade da pena.
Outro gesto simbólico ocorreu quando Moraes autorizou a visita de 24 parlamentares ao ex-ministro Walter Braga Netto, preso em uma unidade militar no Rio de Janeiro. Antes disso, o ministro havia imposto restrições severas a visitas de políticos a outros detidos.
Indicado ao STF por Michel Temer, Alexandre de Moraes tem um histórico de atuação política. Ao jornal O Globo, Temer afirmou que o ministro “sempre foi de muito diálogo, especialmente com a classe política”. Essa característica parece agora ser utilizada como instrumento de defesa e articulação, em um cenário em que as decisões do Supremo seguem sob ataque por parte da oposição e de setores da sociedade que clamam por anistia ampla.
Fonte: Hora Brasilia
Para ler no celular, basta apontar a câmera