24/04/2025 às 14:15
Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em parceria com o Instituto Nacional do Semiárido (INSA), desenvolveram novos produtos lácteos funcionais a partir do leite de cabra e vegetais com propriedades antioxidantes.
O estudo, que é realizado há mais de três anos, resultou na criação de uma bebida láctea caprina em pó, um iogurte probiótico com extrato de seriguela, um molho caprino com açafrão-da-terra e probióticos, além de um iogurte enriquecido com cactáceas.
O projeto conta com financiamento do Governo do Estado, por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), através do Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG) Semiárido onde foram investidos R$ 700 mil em bolsas e compra de materiais necessários para o desenvolvimento da pesquisa.
O estudo propõe soluções inovadoras para a valorização e sustentabilidade da cadeia produtiva do leite caprino no semiárido brasileiro, com foco na diversificação de produtos e no aproveitamento de ingredientes regionais. Os testes envolveram variações de sabores, propriedades físico-químicas e características dos produtos, sempre com o objetivo de ampliar a aceitação pelo consumidor e conquistar novos mercados.
Os experimentos foram conduzidos nos laboratórios do Centro de Tecnologia e Desenvolvimento Regional (CTDR) e do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias (CCHSA) da UFPB, além do INSA, utilizando técnicas como a secagem por spray-dryer e uma infraestrutura laboratorial completa para análises específicas e testes de biodisponibilidade in Vivo e in Vitro.
De acordo com a pesquisadora Juliana Kessia, os avanços obtidos contribuem diretamente para o fortalecimento da cadeia produtiva de lácteos caprinos, beneficiando agricultores familiares, cooperativas e a indústria regional. “O desenvolvimento de uma bebida em pó com boas características de reconstituição facilita o consumo e o armazenamento. Já as bebidas lácteas prontas trazem praticidade para o dia a dia do consumidor, promovendo maior inserção dos produtos caprinos em mercados diversos e oferecendo benefícios à saúde”, afirmou.
Entre os resultados mais promissores está a utilização de hidrocoloides — substâncias que formam géis em contato com água, que melhoraram a solubilidade e a textura das bebidas em pó. Além disso, a combinação do leite caprino com vegetais antioxidantes como seriguela, açafrão-da-terra e cactáceas potencializa os efeitos benéficos à saúde, agregando valor nutricional aos produtos.
O apoio da Fapesq foi essencial para a aquisição de insumos, realização de análises laboratoriais e montagem da infraestrutura necessária para o avanço da pesquisa. O investimento impulsiona a inovação na indústria de lácteos caprinos e fortalece o desenvolvimento científico e tecnológico na área de alimentos, destacou a equipe.
Além de Juliana Kessia, participaram da pesquisa os professores Fábio Anderson da Silva, Haíssa Cardarelli e a coordenadora do projeto, Marciane Magnani. A iniciativa também dá continuidade à linha de pesquisa da professora Rita de Cássia Queiroga (in memoriam), referência no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFPB com pesquisas com lácteos caprinos.
O projeto envolveu ainda as pós-graduandas Mychelle de Lira Andrade, Ivania Samara Santos, Maria Elizangela Ferreira, Larissa Maria Dutra, Thamirys Souza e Fabricia Bezerril, além de pesquisadores do INSA, técnicos de laboratório e estudantes de graduação.
O leite de cabra, quando comparado ao leite bovino, apresenta menor potencial alergênico devido à sua composição proteica diferenciada e maior digestibilidade, graças às partículas de gordura menores e proteínas de fácil absorção. É fonte de cálcio, potássio, fósforo e compostos bioativos como lactoferrina, imunoglobulinas e ácidos graxos de cadeia curta. Embora contenha menos lactose, não é isento, sendo mais indicado para pessoas com sensibilidade moderada ao leite de vaca — especialmente quando fermentado e combinado com ingredientes antioxidantes, que podem aumentar sua tolerância.
A produção de produtos lácteos representa uma alternativa nutritiva, prática e inovadora, com grande potencial para transformar a realidade de produtores locais e ampliar o acesso do consumidor a alimentos funcionais e de alto valor agregado.
Fonte: Repórter PB
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