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João Pessoa

Operação ‘Livre Arbítrio’ atinge presidente da Câmara de João Pessoa e expõe relação entre política e crime organizado

Dowsley, que foi reeleito e exerce um papel de destaque no cenário político da capital paraibana

Por Pereira Jr. • Articulista Polí­tico

18/10/2024 às 08:37

Imagem Presidente da Câmara, Dinho Dowsley (PSD)

Presidente da Câmara, Dinho Dowsley (PSD) ‧ Foto: divulgação

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A escalada do combate ao aliciamento eleitoral em João Pessoa ganhou um novo capítulo na manhã desta sexta-feira (18), com a deflagração da Operação ‘Livre Arbítrio’ pela Polícia Federal (PF). A ação tem como foco a relação entre agentes públicos e facções criminosas, que, segundo as investigações, estariam usando táticas violentas e intimidadoras para influenciar eleitores nas eleições de 2024. A ofensiva da PF resultou no cumprimento de mandados contra ao menos sete investigados, entre eles o presidente da Câmara Municipal de João Pessoa, vereador Dinho Dowsley (PSD), em um caso que coloca sob os holofotes a conexão entre política e o crime organizado.

Dowsley, que foi reeleito e exerce um papel de destaque no cenário político da capital paraibana, se viu diretamente envolvido na operação com o cumprimento de três mandados de busca e apreensão em sua residência e em outros locais vinculados a ele. Segundo a Polícia Federal, Dinho é suspeito de envolvimento em práticas criminosas relacionadas à coação de eleitores por meio de ameaças e controle de território. Essa influência seria facilitada por alianças com pessoas ligadas a facções criminosas que operam na capital.

Além de Dowsley, a operação atingiu outras figuras com histórico de envolvimento em investigações similares. Taciana Batista do Nascimento, que administra uma ONG no bairro São José; Pollyanna Monteiro Dantas dos Santos, esposa de Kenny Rogeus, apontado pela PF como líder de uma facção criminosa; e o conselheiro tutelar Josevaldo Gomes, todos já investigados em operações anteriores como a ‘Território Livre’, voltam a ser alvos das autoridades. Essa conexão reiterada entre agentes públicos e indivíduos ligados ao tráfico de drogas tem se mostrado um desafio crescente para o processo eleitoral na Paraíba.

Operação ‘Livre Arbítrio’: uma resposta à criminalização do processo eleitoral

O nome da operação não é por acaso. A ‘Livre Arbítrio’ busca garantir que o direito ao voto, uma das expressões máximas da liberdade individual, não seja corrompido por práticas criminosas que utilizam da violência e intimidação para manipular resultados eleitorais. De acordo com o comunicado da PF, as investigações visam comprovar a materialidade dos crimes de coação, ameaça e constituição de organização criminosa, além de peculato e lavagem de dinheiro. A operação é conduzida em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), reforçando a seriedade das investigações.

A escolha de Dowsley como alvo central coloca em destaque as suspeitas de que as facções criminosas não atuam isoladamente, mas encontram aliados em figuras com influência política. A ação do crime organizado em processos eleitorais, usando táticas como coação para o voto e o domínio de territórios, mostra a complexidade do cenário que as autoridades enfrentam ao tentar manter a integridade das eleições.

Entre as medidas cautelares impostas aos investigados, o uso de tornozeleira eletrônica figura como uma das mais emblemáticas, ressaltando a gravidade dos crimes que estão sob investigação. Além de Dinho Dowsley, os demais alvos da operação ‘Livre Arbítrio’ terão que se submeter a esse monitoramento, enquanto as investigações avançam.

A operação segue uma tendência recente de ofensivas contra a interferência do crime organizado em eleições no estado. A ação de hoje faz eco à operação ‘Território Livre’, que, em meses anteriores, já havia impactado figuras políticas de peso, como a vereadora Raíssa Lacerda (PSB) envolvida em investigações sobre a influência do tráfico de drogas nas eleições.

Posicionamento de Dinho Dowsley: resposta em tom de defesa

Após a deflagração da operação e os cumprimentos dos mandados, o vereador Dinho Dowsley emitiu uma nota oficial onde reafirma sua inocência e apoia as investigações da PF. Ele alega que as acusações contra ele são resultado de "ilações maliciosas" com motivações políticas, em meio ao acirramento do período eleitoral. Na nota, o parlamentar destacou seus 20 anos de vida pública e afirmou que sua trajetória sempre foi pautada pela ética e pelo apoio popular nos bairros de João Pessoa.

Dowsley se mostrou confiante de que as investigações provarão sua inocência e reiterou seu compromisso com a Justiça, tanto a dos homens quanto a divina. A postura adotada por ele segue uma linha defensiva comum em momentos de pressão política, buscando desvincular seu nome de quaisquer irregularidades no processo eleitoral.

A Operação ‘Livre Arbítrio’ reforça um padrão alarmante de interferência do crime organizado nas eleições, não apenas na Paraíba, mas em todo o Brasil. A conexão entre facções criminosas e agentes públicos, evidenciada nas investigações, ameaça a legitimidade do pleito e exige uma resposta dura das autoridades. A atuação da Polícia Federal, em conjunto com o GAECO, demonstra que há uma vigilância constante para impedir que as eleições de 2024 sejam comprometidas.

Para o eleitor, a operação levanta a questão: até que ponto o processo democrático está sendo influenciado por interesses escusos? A resposta pode vir com o avanço das investigações, mas, por ora, os desdobramentos das operações em curso, incluindo a ‘Território Livre’ e a ‘Livre Arbítrio’, indicam que a integridade das eleições paraibanas será um campo de batalha árduo até o último voto.

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