Veneziano e o desafio da união entre bolsonaristas e lulistas: pragmatismo ou contradição política?

As declarações do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) à CBN Paraíba nesta segunda-feira (30) trouxeram à tona uma questão delicada: é possível unir eleitores com convicções ideológicas tão distintas em um mesmo palanque? Para o parlamentar, a resposta é afirmativa. Veneziano acredita que, no contexto das eleições estaduais de 2026, aliados do presidente Lula (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) podem coexistir em uma frente oposicionista ao governo da Paraíba.

Essa visão pragmática, contudo, esbarra na realidade de um eleitorado profundamente dividido. Bolsonaristas, que sustentam críticas contundentes à gestão de Lula, estariam dispostos a votar em Veneziano, que não esconde sua aliança com o petista? Por outro lado, lulistas, que rejeitam as políticas de Bolsonaro, aceitariam um palanque que abriga representantes do bolsonarismo?

Veneziano parece seguir uma lógica pragmática. Para ele, as eleições estaduais exigem alianças que transcendam as rivalidades nacionais. “Seria muito bom que todos pudessem estar juntos. Em tese, é a melhor opção”, disse. Essa posição reflete um movimento típico das disputas estaduais, onde o foco nas demandas locais pode superar a polarização ideológica do plano federal.

O senador também destacou que a união é mais provável em um eventual segundo turno, quando alianças são frequentemente formadas para derrotar adversários comuns. No entanto, o desafio inicial é conseguir que essas forças opostas coexistam desde o primeiro turno, o que requer habilidade política e uma narrativa convincente para o eleitor.

Ainda que Veneziano defenda essa união, a realidade do eleitorado pode ser um entrave. Bolsonaristas enxergam Veneziano como um aliado próximo de Lula, alguém que defende um governo que criticam profundamente. Para muitos, votar no senador seria contradizer suas próprias convicções.

Do lado lulista, a presença de figuras como Cabo Gilberto Silva e Wallber Virgolino, expoentes do bolsonarismo, no mesmo palanque que Veneziano pode causar desconforto. Esse eleitor, que rejeita fortemente as ideias defendidas por Bolsonaro, pode questionar a coerência do senador ao buscar apoio de um grupo ideologicamente oposto.

A imagem de Veneziano ao lado de Cabo Gilberto e Wallber Virgolino em um evento oposicionista na semana passada simbolizou o esforço de conciliar forças opostas no estado. Porém, ela também expôs as contradições desse projeto político. Para os eleitores de ambos os lados, a fotografia pode representar mais um cálculo eleitoral do que um compromisso verdadeiro com ideias e valores.

O resumo disto tudo é: Veneziano precisa de voto para se reeleger, e para tanto, busca esquecer ideologia politica. Será que o eleitor que atualmente anda muito bem esclarecido, e acompanhando as movimentações politicas, também por Brasília, aceitará essa unidade entre lulistas, e bolsonaristas na Paraíba?

Tenho Dito,

Pereira Júnior - Analista, e comentarista politico