29/04/2025 às 10:04
Prefeito, Cicero Lucena ‧ Foto: Divulgacão
As declarações do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), nesta segunda-feira (28), sinalizam mais do que um gesto de maturidade política — revelam tensões internas e disputas latentes na base aliada do governador João Azevêdo (PSB) e do bloco liderado por Aguinaldo e Daniella Ribeiro.
Durante a entrevista ao programa Frente a Frente, Cícero reafirmou um discurso de lealdade ao projeto político estadual, mas lançou recados estratégicos sobre o processo de escolha do candidato ao Governo da Paraíba em 2026. Ao condicionar sua possível candidatura ao “porquê” — isto é, a uma justificativa clara e um entendimento coletivo —, ele se coloca como figura moderada, mas não passiva.
A ponderação de nomes como Lucas Ribeiro, vice-governador, e Daniella Ribeiro, senadora que tentará a reeleição, expõe um ponto delicado: há mais nomes do que espaços. Quando Cícero cobra da família Ribeiro uma definição — “ou é Lucas ou é Daniella” — ele está, na prática, alertando para o risco de dispersão de forças num momento que exige unidade. O “natural”, dito por Aguinaldo ao se referir à candidatura de Lucas, parece não encontrar eco imediato no discurso de Cícero, que prefere aguardar o posicionamento de João Azevêdo, a quem atribui o “sinal verde” para qualquer movimento seu.
Mais do que declarar fidelidade, Cícero está marcando posição. E ao rechaçar qualquer possibilidade de romper com o grupo e disputar pela oposição, ele se blinda contra especulações e preserva seu capital político como aliado confiável — algo valioso em tempos de rearranjos partidários.
A fala sobre “concessões” também tem peso. Em uma leitura entrelinhas, o prefeito quer mostrar que não será obstáculo, mas tampouco será um mero coadjuvante. A sinalização é clara: se for para ceder espaço, que seja por razões reais, estratégicas e justificadas com transparência.
O pano de fundo da entrevista é a disputa pelo protagonismo dentro do grupo de situação, que deverá enfrentar uma oposição fortalecida e articulada para 2026. Manter o bloco unido, portanto, é prioridade. Cícero Lucena, que já governou o estado e tem perfil de gestão, se apresenta como alternativa equilibrada e leal, ainda que não necessariamente o “candidato natural”.
Por Pereira Júnior
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