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As Universidades Brasileiras e a Controvérsia sobre Liberdade de Expressão: O Caso Tertuliana Lustosa e o Reflexo de um Sistema Educacional em Crise

A polêmica trouxe à tona uma discussão que vai além do caso específico de Tertuliana Lustosa

Por Pereira Jr. • Articulista Polí­tico

19/10/2024 às 10:11

Imagem Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que discutia questões de gênero e sexualidade

Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que discutia questões de gênero e sexualidade ‧ Foto: rede social

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Nos últimos dias, o Brasil acompanhou uma polêmica nas redes sociais envolvendo a historiadora da arte e cantora Tertuliana Lustosa, durante uma mesa redonda na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que discutia questões de gênero e sexualidade. A apresentação, que incluiu uma performance de dança erótica e a interpretação da música “Educando Com o C”, viralizou após ser divulgada nas redes, recebendo uma enxurrada de críticas. Muitos internautas classificaram a apresentação como “vulgar” e inapropriada para o ambiente acadêmico.

A polêmica trouxe à tona uma discussão que vai além do caso específico de Tertuliana Lustosa, colocando em pauta questões mais amplas sobre o papel das universidades brasileiras e o estado da educação no país. A cena que chocou parte da sociedade revela, de certa forma, as tensões entre o avanço das pautas de diversidade e inclusão e os limites da liberdade de expressão no contexto universitário.

A crise do ensino superior e os reflexos na qualidade da educação

A performance de Tertuliana Lustosa pode ser vista por alguns como uma forma de contestação cultural, um exemplo de arte provocativa, que questiona tabus e busca novos olhares sobre a sexualidade e o gênero. No entanto, muitos críticos veem esses episódios como sintomas de uma degradação mais profunda no sistema educacional brasileiro. Universidades públicas, que deveriam ser centros de excelência acadêmica e formadores de líderes e pensadores, têm, cada vez mais, sido palco de eventos que fogem dos parâmetros convencionais de ensino e pesquisa.

O episódio da UFMA não é um caso isolado. Em novembro de 2023, a mesma artista já havia causado debates durante uma apresentação na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), também marcada por conteúdo sexual explícito. Tais incidentes levantam questões sobre a natureza das atividades acadêmicas e o papel das universidades em oferecer não apenas conhecimento técnico, mas também formação ética e moral.

Esse cenário ocorre em um país que, lamentavelmente, está longe de alcançar padrões educacionais dignos de premiações internacionais. Dados sobre o desempenho dos estudantes brasileiros em rankings globais de educação, como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), demonstram um histórico preocupante: o Brasil segue estagnado nas últimas colocações, especialmente nas áreas de matemática, leitura e ciências. O ensino básico e médio, que deveria ser a base de uma educação sólida, enfrenta desafios profundos, como falta de infraestrutura, desvalorização dos professores e baixa qualidade pedagógica.

Quando eventos como o ocorrido na UFMA ganham destaque, surge a questão de até que ponto a liberdade de expressão pode ser exercida dentro do ambiente universitário. As universidades têm o compromisso de fomentar o pensamento crítico e estimular a reflexão, mas também precisam equilibrar essas liberdades com a manutenção de um ambiente de respeito e seriedade acadêmica. O espaço acadêmico deve ser o local de promover o progresso do conhecimento, não o de comportamentos ou atitudes que obscureçam os verdadeiros desafios da educação.

O Brasil, que deveria estar focado em sanar deficiências estruturais em seu sistema educacional, como a falta de investimentos em pesquisa científica e a melhoria da qualidade do ensino, acaba se deparando com polêmicas que desviam a atenção dos problemas reais. Enquanto as instituições de ensino em outros países se destacam por suas inovações e descobertas, o Brasil permanece refém de controvérsias que pouco contribuem para o avanço da educação.

A questão central, portanto, não está em cercear o debate sobre diversidade e inclusão, que é essencial, mas em garantir que as universidades continuem cumprindo seu papel fundamental de educar, de elevar o nível de formação intelectual e moral dos seus alunos. O futuro de uma nação depende diretamente da qualidade de sua educação, e é urgente que o Brasil retome o caminho da excelência acadêmica e da responsabilidade educacional.

Tenho dito,

Pereira Júnior

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