24/11/2024 às 11:52
Programa de abastecimento de água no sertão da Paraiba ‧ Foto: divulgação
A decisão de suspender a Operação Carro-Pipa, essencial para o abastecimento de água em 70 cidades da Paraíba, escancara a ineficiência da classe política em lidar com um problema crônico no estado: a falta de políticas públicas eficazes e sustentáveis para combater a crise hídrica no semiárido. A falta de repasse de recursos do Governo Federal, associada à ausência de planejamento estratégico de longo prazo por parte de gestores locais e estaduais, coloca milhares de famílias em situação de vulnerabilidade extrema.
A Operação Carro-Pipa é uma solução emergencial que já dura décadas, evidenciando a falta de comprometimento político em buscar alternativas permanentes para o problema. Enquanto políticos debatem questões secundárias, a população do semiárido enfrenta uma realidade de cisternas vazias e poços artesianos insuficientes. Mesmo com anos de alertas sobre a escassez hídrica, projetos estruturantes, como a ampliação de adutoras, melhorias em sistemas de abastecimento e incentivos ao armazenamento de água, permanecem fora do foco das administrações públicas.
Na Paraíba, onde mais de 270 mil pessoas dependem do programa, a suspensão expõe um cenário de negligência e improvisação. Prefeitos, deputados e lideranças regionais se mostram incapazes de articular soluções que garantam o mínimo: acesso à água potável. Essa falha reflete tanto a desorganização administrativa quanto o desprezo pela realidade das comunidades afetadas.
A suspensão afeta 159 municípios paraibanos, com destaque para áreas rurais onde a Operação Carro-Pipa é a única fonte de abastecimento. Famílias que já enfrentam os desafios do semiárido agora se veem desamparadas, enquanto políticos seguem trocando acusações em vez de propor soluções concretas. Essa ausência de políticas efetivas não apenas agrava a crise hídrica, mas também reflete o descompasso entre o discurso político e as necessidades da população.
A suspensão da Operação Carro-Pipa é uma tragédia anunciada, fruto da incompetência de gestores públicos que falharam em transformar soluções emergenciais em políticas definitivas. A crise exige mais do que discursos e promessas: requer ações estruturantes e urgentes. No entanto, enquanto políticos continuarem a negligenciar o básico, serão os cidadãos mais vulneráveis que pagarão o preço dessa ineficiência.
Por Pereira Júnior
Para ler no celular, basta apontar a câmera